“Make America Great Again” again – Eleições norte-americanas 2024

 As opiniões expostas neste artigo vinculam exclusivamente os seus autores.

No dia 5 de novembro de 2024 ocorreu a eleição presidencial para o próximo presidente dos EUA, num confronto entre Kamala Harris, do Partido Democrata, e Donald Trump, do Partido Republicano. Inicialmente, as sondagens apontavam para uma vitória de Kamala, vice-presidente da atual administração, ou para um resultado renhido. Contudo, ao longo das primeiras horas após o começo das votações, as sondagens começaram a mudar, e previa-se a iminência de uma autêntica onda vermelha. Trump venceu em mais da metade dos 50 estados do país, inclusive nos chamados “swing states”, como é o caso da Carolina do Norte, Geórgia, Pensilvânia e Wisconsin. É de frisar que Trump conseguiu conquistar a vitória no voto popular, algo que os republicanos não conseguiam atingir desde a reeleição do ex-presidente George W. Bush em 2004. 

 

O candidato republicano depressa celebrou a sua vitória que considerou como algo “histórico”, prometendo “ajudar o país a curar-se” e antecipando o início de uma nova “era dourada”. Esta vitória traz o bilionário de volta à presidência dos Estados Unidos, após ter protagonizado um mandato repleto de polémicas e escândalos de 2016 a 2020. É o primeiro presidente na história do país a assumir o cargo após receber uma condenação judicial, sendo que ainda enfrenta outros processos judiciais, incluindo o caso problemática da invasão do Capitólio em 2020, acontecimento que marcou o fim do seu mandato após a derrota para o ainda presidente dos EUA, Joe Biden. Numa campanha ditada por alienígenas e animais de estimação, servir batatas fritas no McDonald’s, e uma tentativa de homicídio num comício na Pensilvânia, a agenda política de Trump teve uma forte ênfase em matérias como a imigração e os problemas económicos enfrentados pelos americanos. O tom agressivo empregado, as críticas feitas à (falta) capacidade de Harris para o cargo, e a estratégia aplicada nas redes sociais foram alguns dos fatores que permitiram dinamizar o voto no candidato republicano. 

 

O partido democrático sai derrotado após 4 anos no poder e uma manobra de substituição a meio da candidatura presidencial, quando Joe Biden foi substituído por Harris por não se encontrar em condições. Esta é uma das críticas apontadas como causadoras da derrota Democrata, bem como a escolha de Harris para vice-presidente e até algumas críticas feitas à própria candidata. Foram lançadas também já algumas “farpas” internas por Bernie Sanders, que acusou o Partido Democrata de “abandonar a classe trabalhadora”. Isto é algo importante a ter em conta, pois a questão económica foi realmente o tópico mais importante para os eleitores americanos e a sua decisão em quem votar. 

 

O que significa esta vitória republicana para a Europa? Certamente será algo que terá impacto no nosso continente. Não só porque a União Europeia tem uma próxima relação com os Estados Unidos, como também porque estes são uma superpotência, um dos grandes atores na cena internacional. De relembrar que o primeiro mandato de Trump foi também marcado por problemas entre a administração americana e a Europa, tanto NATO como UE. Por agora, vários analistas apontam que esta eleição poderá ter impacto na defesa, segurança e comércio com os países europeus. Só o tempo dirá o que serão os próximos 4 anos de política externa da administração.

Miguel Toscano, Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade de Évora, Mestrando em
Relações Internacionais pela Universidade de Aalborg

Durante os estudos passou por várias associações estudantis, tendo sido presidente no NERIUE em 2021. Para além disso, profissionalmente já teve experiência nos ramos da investigação e da gestão de projetos. Tem forte interesse em temas das RI como a Governança Global, Estudos de Desenvolvimento e Estudos Ambientais.

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